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Analistas prevêem mais fusões no Brasil

Gabriel Costa O nascimento do maior grupo financeiro do Hemisfério Sul, fruto da união dos bancos Itaú e Unibanco, vai provocar uma reorganização do sistema bancário brasileiro e da própria América Latina, e o primeiro sintoma visível do processo, segundo especialistas, será uma onda de fusões e aquisições. Embora a tendência já esteja consolidada no exterior – nos EUA, por exemplo, o Merrill Lynch foi adquirido pelo Bank of America, e na Alemanha, o Deutsche Bank se tornou o principal acionista do concorrente Postbank – como alternativa para que as instituições fujam dos efeitos da crise financeira global, o cenário no Brasil é diferente. – Essa não foi uma fusão de emergência, como as que ocorreram nos EUA. Esse conglomerado vai concorrer lá fora – avalia o operador-sênior da Tov Corretora, Décio Pecequilo. O desencadeamento de processos de fusões e aquisições entre instituições latino-americanas, embora também tenha sido acelerado pela crise – o presidente-executivo do recém-criado Itaú/Unibanco, Roberto Setubal, disse que os abalos na economia mundial ajudaram a "amadurecer a idéia" – deve acontecer de forma independente à turbulência internacional, e não se restringirá à aquisição de bancos em dificuldades por parte dos gigantes do setor. – Voltou a onda de fusões e aquisições. O Banco do Brasil sai na frente no caso da Nossa Caixa, mas se esperar muito, vai pagar mais caro. E o Bradesco não vai querer ficar para trás, deve se movimentar e não vai demorar muito – prevê o economista da corretora Umuarama, Rafael Moysés. A vantagem do Banco do Brasil, que já vinha negociando a compra do banco Nossa Caixa e do Banco de Brasília (BRB), além da incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc) e do Banco do Estado do Piauí (BEP), seria a aprovação da Medida Provisória 443, que autoriza a compra de instituições financeiras pelo próprio BB e pela Caixa Econômica Federal. – A MP foi criada numa situação de prevenção contra a crise, mas acaba vindo a calhar para o Banco do Brasil nesse momento – diz Décio Pecequilo, que considera irônico que o BB perca a liderança do sistema bancário nacional justamente no ano em que comemora dois séculos de existência. Já o Bradesco, que também perdeu uma posição de liderança, só que no setor privado, deve partir para a aquisição de instituições financeiras de menor porte. Para Rafael Moysés, da Umuarama, o banco Votorantim – o nono maior do país, com ativos totais de R$ 73 bilhões – não está na mira do Bradesco, apesar dos comentários no mercado a respeito de negociações entre as duas instituições. – O alvo são bancos menores, cujos valores de ações caíram muito – acredita Moysés. Enquanto os grandes que ficaram para trás avaliam as possíveis estratégias diante da nova situação do tabuleiro financeiro nacional, o gigante recém-nascido Itaú/Unibanco já pensa nos vôos que pode alçar no exterior. Segundo Roberto Setubal, o Chile é um país onde o novo grupo já pensa em ampliar sua presença, uma vez que o Itaú tem unidades no país. O presidente-executivo do novo grupo listou como outros destinos vistos com atenção a Colômbia, Peru e o México. Juros menores Para o presidente do Instituto Desemprego Zero, José Carlos de Assis, a criação do Itaú/Unibanco é "muito importante do ponto de vista do fortalecimento da estrutura bancária brasileira". Para o economista, o melhor cenário resultante da fusão seria uma redução nos juros ao consumidor. – O ideal seria que esse processo fortalecesse os bancos e permitisse que fossem baixadas as taxas de juros – avalia Assis. Segundo ele, uma redução nos juros da instituição mais poderosa poderia ter reflexos no próprio mercado, com benefícios também para os clientes de outros bancos. – Na competição privada, isso é certamente possível, se as instituições tiverem o crescimento em vista. Reduzir o custo cria uma lealdade da clientela, que é a forma do banco crescer – ressalta.

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