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Os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e da Argentina, Alberto Fernández, querem criar uma moeda comum sul-americana para transações comerciais e financeiras.
Ambos assinaram, neste sábado (21), um artigo no jornal argentino Perfil com o anúncio da ideia, à véspera do primeiro encontro bilateral entre presidentes dos dois países em mais de três anos previsto para este domingo (22).
"Pretendemos quebrar as barreiras em nossas trocas, simplificar e modernizar as regras e incentivar o uso de moedas locais. Também decidimos avançar nas discussões sobre uma moeda sul-americana comum que possa ser usada tanto para fluxos financeiros quanto comerciais, reduzindo custos operacionais e nossa vulnerabilidade externa", escreveram Lula e Fernandez.
Ao contrário do que muitos podem pensar, o objetivo inicial não é fazer com que os países deixem de usar suas próprias moedas - o real os peso argentino.
A proposta busca, na verdade, formatar uma moeda comum para as transações comerciais entre eles, sem depender do dólar. A ideia difere, porém, da criação de uma moeda única, como o euro, moeda oficial dos países-membros da União Europeia.
Apesar de ser um diário pouco conhecido no Brasil, o artigo publicado no Perfil repercutiu nos grandes jornais argentinos, como o Clarín. O britânico Financial Times também deu espaço para a criação da moeda comum.
Segundo reportagem, o movimento pode eventualmente criar a segunda maior moeda de um bloco econômico do mundo, já que deve ser estendida para outros países da região.
O ministro da economia argentino, Sergio Massa, afirmou ao veículo inglês que serão estudados os parâmetros necessários, mas que é o primeiro passo de um longo caminho a trilhar. O Brasil sugere que o nome dado à nova moeda seja "sur".
Segundo o Clarín, a ideia de que Argentina e Brasil tenham uma moeda em comum para trocas comerciais transcendeu as rachaduras políticas entre os países.
No ano passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e seu secretário-executivo, Gabriel Galípolo, escreveram um artigo propondo o uso de uma moeda comum no comércio sul-americano para impulsionar a integração na região.
A moeda seria utilizada para fluxos comerciais e financeiros entre os mercados da região e teria um câmbio flutuante entre as moedas dos países - que poderiam adotá-la ou não domesticamente.
Haddad chegou a se reunir com o embaixador da Argentina, Daniel Scioli, para discutir o tema e se irritou no início do mês quando foi questionado a respeito da criação de uma moeda única na região. "Não existe proposta de moeda única do Mercosul, vai se informar primeiro", disse.
A criação de uma moeda comum é vista com ceticismo por especialistas. Ainda que a adoção de uma política monetária unificada possa resultar em uma maior eficiência, aumentando o potencial de crescimento dos mercado envolvidos, colocar uma medida dessas seria muito difícil dadas as discrepâncias econômicas entre os países.
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